As raízes da Abduche vêm do oriente próximo, especificamente da milenar cidade de Antioquia, fundada no final do século IV. Por ter sido uma importante metrópole de cultura helenista e estar localizada em região estratégica entre Europa e Ásia, Antioquia exerceu, ao longo dos séculos, significativa influência na região e fez parte das rotas comerciais de caravanas que traziam preciosidades do oriente, entre elas toda sorte de tecidos e tapeçarias. Foi justamente nesse ambiente de tradição histórica e cosmopolita que, já na virada do século 19 para o século 20, a família Abduche se dedicava ao comércio de tecidos de luxo.
No início da década de 20, os irmãos José, Farid e Afif Abduche imigraram para o Rio de Janeiro para trabalhar com seus tios no comércio de tecidos para gravataria. Já fazia mais de duas décadas que o Brasil era destino freqüente de imigrantes que para cá vinham em decorrência da proclamação da República e da demanda de mão de obra especializada. O negócio prosperou e, em 1937, a família decidiu implantar uma tecelagem, já antevendo a dificuldade de importar tecidos de qualidade causada pela grande guerra.
Em um terreno situado à Rua do Engenho Novo, Rio de Janeiro, foi fundada a Abduche, com nome de AICO - Abduche, Irmão & Cia. A produção de tecidos em jacquard para gravatas progrediu e a indústria cresceu no decorrer das décadas seguintes.
Em 1970, a segunda geração do clã no Brasil associou-se ao seu tio José Abduche. Foi quando os irmãos Sergio, Ricardo e Ronaldo ingressaram na empresa, imprimindo sangue novo e implementando modernidade. Nesse momento, os irmãos decidiram redirecionar a produção de tecidos de gravataria para decoração, sobretudo, em função da queda da produção nacional de gravatas causada pelo crescimento do estilo casual. Os teares foram adaptados para a nova realidade têxtil e a empresa novamente ganhou fôlego, crescendo como fabricante de tecidos de qualidade superior para decoração. Uma nova etapa dava início na tradicional empresa.